domingo, 28 de abril de 2013

Opinião da minha mãe.

Sinceramente? Não me interessa a sua opinião ou a opinião da minha própria mãe. Aliás, a opinião é livre, porém não ilimitada (como alguns acham).

A questão é que EXISTE. Se EXISTE precisa ter tratamento jurídico.

Vou falar o que está difícil de entenderem: gostem ou detestem, gays existem, sempre existiram e sempre existirão!
Gostem ou detestem, pessoas do mesmo sexo vão continuar a manter relações afetivas entre si, vão dividir uma casa, vão dividir as despesas, vão dividir as atividades domésticas, vão criar animais de estimação, vão fazer compras de supermercado juntas, vão viajar nas férias... (Nossa, não me diga!!)
Queiram ou não queiram essas pessoas - que se consideram um casal como qualquer outro - vão criar crianças: mesmo que estas sejam algum sobrinho, algum irmão, seja filho biológico de algum deles ou seja adotado por algum dos dois...
Tudo isso não é novidade e, independente da opinião pessoal de cada um, vai continuar existindo. Goste ou não, você terá algum parente gay; seu vizinho será gay; seu amigo de infância será gay ou algum colega de trabalho será gay... Não adianta nem fechar os olhos, porque você vai escutar alguém emitindo aquela linda opinião contra ou a favor de gays.

O Estado tem o dever constitucional de atuar positivamente; tem o dever de reconhecer essas relações e impor as regras do jogo.  A vida em sociedade só funciona com regras.

Gostem ou não, o Estado não pode agir ou se omitir com justificativas puramente religiosas ou científicas, ou morais, ou de qualquer outra característica. O Estado deve resguardar a integridade física  de seus cidadãos; deve proteger o direito de cada um exercer a sua personalidade como bem queira - DESDE QUE ISSO NÃO ULTRAPASSE A ESFERA DE INDIVIDUALIDADE E PERSONALIDADE DE OUTRO CIDADÃO. (Para os engraçadinhos de plantão, é por isso que atrocidades como a pedofilia são reprimidas em nosso ordenamento jurídico). E o principal, o Estado deve regular o que EXISTE (seja para reprimir, seja para ditar as regras, uma vez que não é proibido).
 
Independentemente do que eu acho, você acha ou o que a minha mãe acha, o Estado TEM QUE regular. É o papel dele; é a finalidade para qual ele existe.

E quem perde com falta de regulação? Eu, você, minha mãe e toda a sociedade.

Então, por favor, não misture o seu achismo com o dever, de fato, de um Estado Democrático, pois este tem que agir e fazer valer os direitos fundamentais sobre os quais está construído. 

De resto, BE HAPPY.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Você se preparou ou deu sorte?

A maioria do que nos acontece na vida é "sorte"... Puríssima "sorte". Só sabemos o quão maravilhoso foi surgir a nova realidade porque a estamos vivendo e conseguimos fazer comparações de como estava nossa vida antes de acontecer. Aliás, quem não tem a sorte, nem suspeita que está sem ela. Simplesmente continua a viver a vida crendo que tudo está maravilhoso ou que a vida é mesmo essa dureza e não há nada melhor que isso.

E agora?

Há anos atrás uma vidente disse à minha mãe que minha alma tinha 99 anos. Desconfiei da fidelidade dessa informação (rsrs), mas no fundo sempre me senti idosa para uma fragilidade da humanidade: relacionamento. Não sei da onde me surgiu maturidade para me relacionar amorosamente... mas antes mesmo de ter meu 1º relacionamento, já tinha uma listinha mental de cór e saltiado do que eu JAMAIS faria por alguém ou por um relacionamento. Sim, cansaram de me dizer que a gente só aprende "levando na cara"... mas minha vez de apanhar não chegou...

Eu me preparei para isso, não foi sorte. Esperei - muitas vezes ansiosamente - sabendo que minha hora de sentir o que eu nem sabia existir iria chegar e Deus tiraria da minha vida naturalmente o que não estava me fazendo bem (...com uma forcinha da menina aqui, é claro!!!). Não veio no 1º, não veio no 2º, não veio da tentativa de 3º namoro... Veio leve, veio tranquilo, veio em forma de paz, veio em forma de oração.

Quando nos preparamos, não há medo de errar. E é essa a minha opção.

E você? Vai continuar esperando a sorte?

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

STJ - Página Inicial

"Deus fez o homem e a mulher; e o STJ fez o resto!". Essa foi a piadinha (que rachei de rir, aliás! auauhhauuah) que escutei outro dia. Na verdade, Deus fez o homem e a mulher e a sociedade fez o favor de criar o preconceito, né!
Descobri que o site mais útil para um gay, não é o google: é o site do STJ. E por isso, hoje o www.stj.gov.br é a página inicial do meu navegador.
Para aqueles que não sabem, o STJ (chamado de "ST Solta" por um ótimo professor que tive hahahaha) é encarregado de interpretar leis - que não sejam constitucionais, pois isso já é de competência do Supremo Tribunal Federal.
Por ter acompanhado ao longo de todo o ano as inúmeras decisões desse Tribunal, vou dar uma forcinha e dizer o que mudou na nossa vida esse ano. 
T u d o, simplesmente tudo mudou na nossa vida!!!!!! Duas mulheres foram autorizadas a se casar! CASAMENTO, CASAMENTO, meeesmo... nada de união estável... muito menos sociedade de fato o que até 2010 era o que vigorava.....
Imaginem o enorme precedente que isso não abriu? Vou colar o resumo da decisão aqui. Leiam, pois é interessante: 
"As ações que discutem direito de família geralmente são polêmicas e geram muito debate. No ano de 2011 não foi diferente. Um dos julgados (REsp 1.183.378) de maior repercussão foi da Quarta Turma do STJ, que, em decisão inédita, proveu recurso de duas mulheres que pediam para ser habilitadas ao casamento civil.
Seguindo o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, a Turma concluiu que a dignidade da pessoa humana, consagrada pela Constituição, não é aumentada nem diminuída em razão do uso da sexualidade, e que a orientação sexual não pode servir de pretexto para excluir famílias da proteção jurídica representada pelo casamento."
 
(link: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=104286)

Vou ter que colar de novo um trechinho, porque finalmente alguém nesse país pensou:

"[...]a Turma concluiu que a dignidade da pessoa humana, consagrada pela Constituição, não é aumentada nem diminuída em razão do uso da sexualidade, e que a orientação sexual não pode servir de pretexto para excluir famílias da proteção jurídica representada pelo casamento."

Gente, não estamos falando em ser contra ou em ser a favor... estamos falando simplesmente de dignidade da pessoa humana... Eu sou contra muitas coisas, mas mesmo assim as respeito, ou, pelo menos tento disfarçar...!!
Hoje viajo com uma pessoa muito especial que mudou minha vida e que faz meu coração disparar...!!

Ótima passagem, que Deus ilumine a todos!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

OAB na mão.

Sumi, fiquei muito tempo longe de tudo, estudando, estudando, mas hoje posso respirar aliviada: estou aprovada no Exame de Ordem dos Advogados do Brasil! Minha faculdade ainda não terminou (me formo em julho de 2012) e a luta contra um preconceito ridículo apenas começou.
A aprovação não significou apenas o reconhecimento da competência para poder exercer a advocacia (aliás, a última coisa que quero da minha vida é ser advogada). Minha aprovação significa que não tenho estampada na testa a palavra "GAY" e que minha vida não se resume no meu relacionamento com outra menina; significa que não estou perdida na vida; significa que aproveito e dou valor às oportunidades que tive, apesar de já ter escutado isso inúmeras vezes dos meus próprios pais.

Foco em dobro. É isso que tive, porque não é fácil lutar não só contra um Exame de Ordem besta (diga-se de passagem) e, ao mesmo tempo, contra seus pais que deveriam ser os maiores apoiadores nesse momento. Mas o foco é em dobro, pois a força que tiro da vida também me vem em dobro, graças a Deus.

Não cheguei aqui por acaso e reconheço que parte dessa conquista é também deles (meus pais), pois sempre labutaram para a minha melhor formação intelectual.

Valeu o esforço! E a batalha continua!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Todas as armas

Nessa guerra vale de tudo. É "Yin e Yan" - homem e mulher formam o equilíbrio perfeito de energias - é chamado divino ao celibato, é a mamãe natureza que fez o pipi pra entrar na....
Sim, acabei de receber um email que simplesmente reune todas as armas possíveis de se encontrar nessa guerra: minha mãe louca querendo me convencer de que eu não sou gay.
Cheguei a escutar que me transformei em um cadáver, que não tenho mais amigos e não recebo mais convites para ir à festas, pois estou excluída pela minha sexualidade!
Eu sei que esse seria o sonho dela: eu repensar minha "escolha", pois estaria me trazendo muitos malefícios, inclusive minha própria morte, diga-se de passagem. Pena, mãe, que a única pessoa diante da qual eu me sinto excluída seja você...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Outras minorias.

O negro chega em casa, é aplaudido pela mãe e diz: "Eu tenho orgulho de ser negro". O homossexual vive, muitas vezes, às escondidas e quando chega em casa é discriminado pelos próprios pais, é enxotado como se não fosse gente.... simplesmente pelo fato de não exercer a sexualidade da maneira de que se entende como correto.
Eu sinto isso na pele diariamente. Segundo as palavras da minha própria mãe eu sou: BIZARRA, ANORMAL, NÃO SOU GENTE. Com a minha angústia internalizada eu penso: Obrigada, da próxima vez eu tento achar outro significado pra isso além de ignorância....

quarta-feira, 6 de julho de 2011

E assim começou...

Desde pequena sinto que sou diferente. Foi natural, não escolhi nada... Tudo na minha vida me levou à um caminho - antes bastante sombrio - e fui vencendo o meu próprio preconceito (com certeza o maior de todos). E foi assim que, aos 19 anos, e depois de muitos meninos, consegui vencer toda a minha angústia e ficar com uma menina a qual namorei por 1 ano e meio. Obviamente, tudo às escondidas. Meu relacionamento acabou depois desse período e em 03 meses conheci a menina que achei ser a pessoa perfeita. Na verdade, estava longe de ser perfeita - coisa completamente normal de qualquer jovem da minha idade que ainda tinha muito o que aprender na vida - e eu também, bem longe de ser a companheira que podia ser.... ainda tudo era às escondidas.
Como amar de verdade, como ser companheira, como ser o melhor de mim, escondendo de tudo e de todos aquilo que não tive nem se quer a chance de ter optado? Hoje, aos quase 24 anos, quase formada em uma das melhores faculdades de direito de São Paulo, digo: NÃO DÁ!
Então, em março de 2011, decidi me abrir com as pessoas mais importantes da minha vida: meus pais.
E assim começou...